Olá, pessoal,
Estou voltando agora para atualizar o blog com mais notícias a respeito de metodologias na área de Química.
Assistindo aulas no youtube, encontrei um vídeo que fala de geometria molecular e faz alusão ao uso dos balões. No entanto, o professor apenas mostra como já é a orientação da molécula com os balões, sem fazer os alunos construírem o próprio conhecimento. Foi exatamente isso que eu não quis fazer, afinal, a maioria das literaturas sugerem isso, apenas a ilustração, mas talvez isso foi feito porque a vídeo aula é bem mais complicada em termos de interação professor-aluno. O que vocês acham?
Segue o vídeo para conferirem! https://www.youtube.com/watch?v=r4jgsyHYRN8
Metodologias no Ensino de Química: estratégias para a construção do conhecimento
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
terça-feira, 31 de março de 2015
Metodologia para soluções
A segunda metodologia foi utilizada com alunos da 2ª série do
Ensino Médio Regular, em uma turma também mediada pela autora deste trabalho. Neste trimestre, o enfoque em Química
Inorgânica (frente trabalhada pela professora) é em soluções, abrangendo desde
coeficiente de solubilidade até titulação, passando por unidades de
concentração, diluição e misturas de solutos que reagem ou não entre si.
A ideia inicial desta metodologia era apenas inserir o
início do conteúdo de soluções, uma vez que, de acordo com o calendário do
colégio, a primeira aula deste ciclo envolve o conceito básico de uma solução e
dos constituintes que a formam.
As aulas de Química nesta série são dadas em quatro
tempos semanais, sendo dois destinados para a Química Orgânica e os demais para
Química Inorgânica. Sendo assim, foram utilizados apenas dois tempos de aula
para a aplicação desta metodologia com os alunos. Para tal, foi escolhida
apenas uma turma, enquanto que as demais continuaram com o
método tradicional de ensino a fim de que pudessem ser comparados alguns
critérios do processo de ensino-aprendizagem.
Dessa maneira, a professora levou para a sala de aula
várias substâncias químicas, além de leite e achocolatado em pó que estão
presentes no cotidiano dos alunos. Ao expor tudo o que foi levado em potes
etiquetados na própria mesa, a professora, então, pediu que os alunos fossem
divididos em grupos de até 5 alunos de acordo com a afinidade que os mesmos
possuem entre si.
Ao serem divididos, foi pedido que os grupos pensassem e
discutissem entre si qual ou quais dos compostos apresentados poderiam formar
uma solução, sem que fosse apresentado anteriormente este conceito para eles. A
partir de então, um representante de cada grupo foi até à mesa da professora e
escolheu os componentes.
Aos grupos que escolheram apenas um componente, foi
pedido que explicassem para os demais grupos a escolha deles. Aos demais grupos
foi pedido, então, que eles fizessem a solução da maneira que achassem
coerente, levando-se em conta as quantidades de cada composto escolhido por
eles.
Como dito anteriormente, a intenção desta metodologia era
apenas discutir os conceitos iniciais de solução, como soluto, solvente e a
própria solução em si. No entanto, ao preparem as soluções, alguns alunos
começaram a levantar ideias sobre as quantidades de cada componente da solução
e, então, a aula acabou se estendendo um pouco mais do que o previsto, mas em
contrapartida houve um enriquecimento maior de conteúdos trabalhados em sala,
como por exemplo coeficiente de solubilidade e classificação das soluções
quanto à saturação das mesmas. A partir da discussão das soluções preparadas e
das quantidades de cada componente envolvido, foi introduzido a conteúdo de
soluções e alguns exercícios de nível vestibular foram realizados a fim de
avaliar a aprendizagem.
OBS: Apesar do assunto tratado ser menos complexo, esta metodologia também foi aplicada com sucesso. Os resultados detalhados também estarão na tese!
Metodologia para Geometria Molecular
A primeira metodologia foi utilizada com alunos da 1ª série do Ensino Médio Regular,
durante as aulas da disciplina de Química, mediadas pela autora deste trabalho,
durante o segundo trimestre do ano letivo de 2014, no Colégio Pedro II. Neste trimestre, o enfoque
didático é para as ligações químicas, assunto que não costuma ser enfrentado
com tanta dificuldade pelos alunos. No entanto, ao ser trabalhado o assunto de
Geometria Molecular que está inserido no contexto de ligação covalente, os
alunos acabam tendo uma dificuldade maior devido à necessidade de abstração que
o mesmo implica.
As
aulas de Química ocorrem as segundas, quartas e sextas-feiras, possuindo quatro
tempos semanais para esta série, sendo cada tempo semanal de 45 minutos. Para o
desenvolvimento desta metodologia, foram utilizadas três semanas de aula, ou
seja, 12 tempos de 45 minutos, totalizando 540 minutos de atividade.
Ainda
dispostos conforme a organização tradicional da sala de aula, foi introduzido o
conceito básico das ligações covalentes: compartilhamento de elétrons e da
estabilidade simultânea de todos os átomos participantes das moléculas. Como já
havia sido lecionado, anteriormente, o conceito de ligações químicas, incluindo
a metálica e a iônica, não houve muitos questionamentos em relação a esse novo
tipo de conteúdo. Para a exposição deste conteúdo inicial foram utilizados dois
tempos de 45 minutos cada.
Na aula seguinte, foi
pedido que os alunos se dividissem em grupos, que não precisavam
necessariamente ter o mesmo número de alunos, mas a divisão acabou sendo
homogênea e os grupos ficaram com média de 5 alunos cada. Esta divisão foi
proposta a fim de que um estudante pudesse influenciar na construção do
conhecimento do outro e, assim, todos juntos chegassem a uma mesma conclusão, ou
a conclusões diferentes, porém discutidas entre eles.
A
partir desses conceitos básicos explicitados na aula anterior, foram
distribuídos balões vazios de diversas cores aos alunos a fim de que eles
tentassem determinar, sem o conhecimento prévio da geometria, qual seria a
melhor organização espacial, levando em consideração a repulsão eletrônica
entre os átomos e o melhor ângulo, para a molécula proposta nos exemplos
fornecidos pela professora. A ideia de usar balões de festa é tentar usar um
material para o modelo que se aproxime da realidade do aluno e que seja
palpável a ponto de que o mesmo possa manusear um conteúdo que parece estar
distante de sua realidade. É importante lembrar que os exemplos trabalhados
pela professora foram escolhidos de acordo com a complexidade para cada
geometria e com moléculas que estão presentes no cotidiano dos alunos.
O
primeiro composto trabalhado, então, foi o gás hidrogênio (H2).
Todos os grupos deveriam montar, sem comunicação entre grupos, apenas entre
componentes do mesmo grupo o que imaginariam ser o modelo da molécula pedida. Sem que fosse pedido, os próprios alunos começaram
a encher bolas de mesma cor e ambas de mesmo tamanho, fazendo referência ao
conteúdo que eles já haviam aprendido de raio atômico. Ao encherem as bolas,
foi perguntado aos alunos qual seria a melhor distância entre os átomos a fim
de que se evitasse a repulsão eletrônica entre os mesmos. A partir desse questionamento,
os estudantes montaram a estrutura na forma de uma linha, alegando que 180° era
o maior e melhor ângulo que se poderia ter entre dois átomos. Com esse
conhecimento concretizado, foi ensinado aos alunos as fórmulas de Lewis e
estrutural plana para a molécula em questão e a geometria do composto foi
nomeada para os mesmos como linear.
Em
seguida, foi pedido para que os alunos fizessem o mesmo procedimento, agora já
com a fórmula de Lewis inserida nos seus conteúdos, para a molécula do ácido
clorídrico (HCl) e gás carbônico (CO2). Sem o auxílio da professora,
os mesmos chegaram à conclusão de que ambas os compostos apresentariam a mesma
arrumação espacial do que a molécula do gás hidrogênio trabalhada
anteriormente. Após essa discussão, foi introduzido o conceito de ligação
dupla, presente no gás carbônico, e também a polaridade das ligações e das
moléculas presentes em todos os compostos trabalhados, retomando o gás
hidrogênio a partir das estruturas montadas nos balões.
Com
essas três substâncias já trabalhadas, foi pedido então que os alunos
estruturassem a molécula da água (H2O). Alguns grupos chegaram à
conclusão de que a molécula da água possuía a mesma forma espacial do que o gás
carbônico, devido ao número de átomos ser igual em ambos os compostos, enquanto
que outros grupos afirmaram já ter visto, em algum outro momento, que a
molécula da água apresentava uma fórmula estrutural diferente da proposta pelos
demais estudantes. Com esses levantamentos, foi introduzida uma discussão a
respeito das diferenças e das semelhanças entre os dois compostos, até que os
próprios alunos sugeriram que, da mesma maneira que as nuvens eletrônicas das
ligações entre os átomos se repeliam e, por isso, deviam propor um ângulo maior
para a ligação, os elétrons restantes no átomo central também iriam sofrer uma
repulsão entre si, fazendo que com que a arrumação fosse diferente. A partir
dessa discussão, foi mediada pela professora a correta arrumação espacial para
os átomos da molécula da água, e a mesma foi nomeada de acordo com as
nomenclaturas dadas às geometrias moleculares.
Posteriormente,
foi pedido que os alunos idealizassem a molécula do gás sulfuroso (SO2)
e nenhum grupo conseguiu fazer, devido ao problema da estabilidade de todos os
átomos pertencentes a este composto. É importante verificar que a ausência de
conhecimentos prévios a respeito deste conteúdo mais aprofundado foi
determinante para que os alunos não conseguissem esboçar a ideia que tinham da
geometria. Foi então argumentada com todos os alunos da turma uma ligação
denominada diferente das ligações covalentes simples feitas até agora,
introduzindo o conceito da ligação dativa para cada par de elétrons que sobra
no átomo central. Imediatamente foi questionado por um grupo se poderia, então,
existir o SO3, já que sobra mais do que um par de elétrons no átomo
central da molécula trabalhada anteriormente. Assim que houve esse
questionamento, foi pedido para que todos fizessem a molécula do anidrido
sulfuroso (SO3), distribuindo espacialmente os átomos da melhor
maneira. Alguns grupos esquematizaram a molécula com ângulos diferentes entre
todos os ligantes, porém outros ressaltaram que era necessário que a repulsão
fosse a mesma entre todos os ligantes e que não sobrava elétrons no átomo
central.
Ao
se falar deste tipo de ligação, é inevitável que se caia na discussão do
conceito de ligação dativa. Este tópico é, ainda, ensinado para o Ensino Médio,
uma vez que se encontra no currículo mínimo, porém com algumas modificações. A
representação usando setas, anteriormente usada para definir este tipo de
ligação não existe mais. O explicado agora é que a ligação dativa é feita
apenas quando o átomo já completou a regra do octeto e ainda existem átomos
ligantes que precisam fazer ligações. Sendo assim, a designação de um novo tipo
de ligação existe para o ensino médio, mas é explicado também que é uma ligação
covalente como qualquer outra e que o comprimento da ligação não muda, por isso
é representada da mesma maneira do que a ligação covalente simples, por um
traço simples.
A
partir dessa discussão entre os alunos, a professora explicitou qual seria a
melhor maneira para essa molécula, denominando a geometria molecular da mesma e
discutindo, mais uma vez, a polaridade de ligações e do composto.
Para
finalizar as geometrias estudadas no Ensino Médio do colégio em questão, foi
pedido para que os alunos fizessem os modelos de estruturas espaciais da
molécula da amônia (NH3) e do tetracloreto de carbono (CCl4)
com os balões. Como as demais moléculas já haviam sido trabalhadas e as ideias
amadurecidas em outras aulas, os alunos foram imediatos ao perceberem que a
presença um par de elétrons que não participava de nenhuma ligação no átomo de
nitrogênio na amônia era suficiente para que a molécula não tivesse o mesmo
arranjo espacial do que a molécula do anidrido sulfúrico. Sendo guiados pela
professora, o desenho foi passado para o papel e a geometria foi nomeada a
partir do formato que a molécula adquiriu com a melhor arrumação.
OBS: Foi um sucesso a aplicação dessa metodologia. Os resultados mais minuciosos com detalhes de notas e diagnoses dessa aplicação eu vou disponibilizar através da minha dissertação.
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Como cheguei até aqui...
Olá!
Meu nome é Júlia Bouzon e gostaria de contar por quê esse blog foi criado.
Sou licenciada em Química pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, professora efetiva do Colégio Pedro II e mestranda em Ensino de Ciências na Universidade Federal Fluminense - UFF.
Desde o primeiro período da faculdade já trabalhava com os amáveis e incríveis alunos em monitoria e ao longo do tempo fui participando mais da sala de aula como professora. Além de ser um desafio lidar com pessoas de uma maneira geral, é um trabalho pelo qual me encanto cada dia mais! Se não fossem eles, eu já teria desistido, sem dúvidas.
No entanto, por estar em sala de aula há 4 anos (sim, eu sei que é pouco), já consigo observar algumas dificuldades frequentes, independente da turma. Modelo atômico, geometria molecular, isomeria, dentre outros conceitos químicos, são temas nos quais os alunos sempre questionam devido à abstração dos mesmos.
Com esse objetivo, além de dissertação para o mestrado, resolvi pensar em algumas metodologias de ensino que sejam utilizadas como estratégias para que os alunos sejam agentes ativos do processo de ensino-aprendizagem. A ideia não é apenas passar o conteúdo, o que acaba sendo memorizado e brevemente esquecido, mas sim estar auxiliando os alunos para que eles mesmos possuam a capacidade de converter a ideia que já possuem em conhecimento científico.
É claro que esse blog não vai se firmar apenas com as minhas metodologias. Por isso, peço a vocês, colegas nessa caminhada, que contribuam para a evolução do meu "filho". Tenho certeza de que essa ferramenta só vai enriquecer nossos trabalhos e nossas práticas escolares. Mandem metodologias utilizadas ou que pretendem utilizar para o meu email (juliabouzon@gmail.com) ou comentem nos posts que eu vou postar e colocar os créditos para vocês! Não precisa ser nada formal, como eu postarei (afinal, farei isso como uma maneira de divulgar o meu produto do mestrado profissional), mas qualquer experiência que vocês tenham feito ou viram alguém fazendo e acham enriquecedora, pode mandar que será devidamente divulgada!
Ficarei extremamente agradecida com a ajuda de vocês!
Beijos a todos e já agradeço desde já a ajuda!
Júlia.
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